Agilidade em tempos de pandemia
Como será daqui pra frente ao nos relacionarmos com nossos clientes? Aqueles que conhecíamos antes da crise da pandemia, são os mesmos? Digo não as mesmas pessoas, mas em relação aos hábitos de consumo e poder aquisitivo.
Para se ter uma ideia, a bolsa brasileira saiu dos seus 120 mil pontos para 80. Uma queda de quase 40%. Praticamente todos os setores foram afetados, com destaque para o turismo, varejo e aluguel de veículos.
Se está difícil para as grandes empresas, imagine para organizações menores que dia após dia captava e fazia o possível para reter a atender as necessidades dos seus clientes em um ambiente cada vez mais competitivo e volátil.
As organizações que têm planejamento de longo prazo, certamente terão que fazer uma revisão profunda. Quando planejamos para um horizonte muito distante, corremos o risco de errar mais, sem contar o tempo e esforço que despendemos para pensar a longo prazo. Planejamentos com horizontes muito longos tem grande probabilidade de darem errado.
Após essa grave crise sanitária passar, estas empresas basicamente começarão do zero seus esforços de planejamento, pois dificilmente algo pensado e planejado antes da crise, será concluído. Não sabemos ainda quando ela, a crise, vai terminar. Nestes casos a resiliência e a capacidade de adaptações rápidas são fundamentais para superar este momento.
Outro problema é a capacidade financeira que foi em grande parte afetada pelos baixos níveis de consumo e produtividade. As organizações que estavam um pouco à frente conseguiram remanejar suas equipes para o trabalho remoto, entretanto a grande maioria ainda está buscando uma solução.
Acontece que neste cenário passamos por uma mudança abrupta. Muitas organizações tinham projetos em execução que foram interrompidos ou sofreram drásticas mudanças, principalmente em relação a stakeholders e aquisições. Garanto que nem o melhor plano de riscos tinha a previsão de uma pandemia.
Em relação ao backlog dos projetos, muitos itens foram, estão sendo ou serão revistos. A transparência ao se gerir um backlog é fundamental. Cabe a todo o time scrum conhecer e conversar sobre os itens que estão listados ali. O time se compromete então, ao final de cada sprint, converter os itens do backlog em um entregável.
A questão aqui é que muitas sprint foram prejudicadas e não terminaram por assim dizer. À medida que o desenvolvimento do produto avança,o backlog deve ser atualizado, todavia será preciso identificar e adaptar o backlog ao cenário atual. Uma empresa é mais ágil do que outra quando consideramos a capacidade desta convergir para as necessidades do mercado atual.
Com a crise, o budget foi profundamente afetado, e uma boa gestão do backlog garante que se o dinheiro acabar, você o terá usado nos itens mais importantes. No seu backlog o mais importante vem primeiro. Cabe ao Product Owner manejar os itens para maximizar o retorno do investimento.
Outro ponto chave é em relação ao planejamento. É mais barato e menos arriscado você planejar os próximos passos à medida que obtém feedback do produto em produção, do que usar a sua bola de cristal para planejar lotes muito grandes. O que é diferente em uma abordagem empírica é que você mede os resultados de seus experimentos para determinar se sua hipótese está correta. Se não estiver correto, você pode querer mudar seu foco para uma oportunidade diferente.
Para finalizar, busque oportunidades, em vez de projetos ou programas. Concentre-se em entregar valor aos clientes.
Sobre o autor
- Sólida experiência em Metodologias Ágeis e Engenharia de Software, com mais de 15 anos atuando como professor de Scrum e Kanban. No Governo do Estado do Espírito Santo, gerenciou uma variedade de projetos, tanto na área de TI, como em outros setores. Sou cientista de dados formado pela USP e atualmente estou profundamente envolvido na área de dados, desempenhando o papel de DPO (Data Protection Officer) no Governo.
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