A Nova Era do Planejamento Estratégico

Durante décadas, o planejamento estratégico foi visto como um exercício técnico, reservado aos altos escalões das organizações. Nos anos 80 e 90, ele seguia um roteiro quase rígido: análise de cenário, definição de missão e visão, metas de longo prazo. Tudo muito formal, previsível e centrado em documentos extensos. Esse modelo, influenciado por uma visão mecanicista da administração, tratava o futuro como algo controlável, como se fosse possível prever e planejar cada passo com antecedência. Era o auge da crença no plano como mapa definitivo.

Henry Mintzberg, no clássico Ascensão e Queda do Planejamento Estratégico, desmonta essa lógica. Para ele, estratégia não é resultado apenas de planos cuidadosamente elaborados. Estratégia verdadeira emerge da prática, da experimentação, do aprendizado ao longo do caminho. O autor critica o excesso de foco em previsões e defende que a estratégia deve ser flexível, sensível ao ambiente e moldada pelas ações reais da organização. Já Peter Drucker, em A Prática da Administração, vai além: ele nos lembra que o objetivo da estratégia é alinhar propósito com desempenho. Para Drucker, mais importante do que prever o futuro é se preparar para ele com base em valores sólidos e foco no que realmente entrega valor ao cliente.

Hoje, o planejamento estratégico ganhou uma nova cara. Organizações bem-sucedidas trocam planos engessados por frameworks dinâmicos como OKRs (Objectives and Key Results), Canvas, Balanced Scorecard e Roadmaps. Ferramentas visuais e colaborativas tomaram o lugar dos relatórios estáticos. Ao invés de longos ciclos de cinco ou dez anos, vemos ciclos ágeis, revisados trimestralmente. O planejamento moderno é vivo, adaptativo e centrado em dados. Ele conecta propósito, metas e aprendizado contínuo. E mais: sai da sala fechada da diretoria e ganha as equipes, envolvendo diferentes níveis da organização em sua construção.


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Engajar pessoas no planejamento nunca foi tão importante. Empresas que envolvem seus colaboradores desde o diagnóstico até a definição de ações estratégicas colhem mais resultados. Quando as pessoas participam, elas entendem o porquê das metas, se sentem parte da solução e contribuem ativamente para os resultados. Estratégia, nesse novo contexto, não é mais um documento. É cultura. É conversa. É prática diária. É um movimento coletivo que se renova a cada ciclo. E isso transforma não só os planos, mas também o comportamento da organização.

Mais do que nunca, planejar é um ato de coragem. Coragem de ouvir, de mudar, de aprender. As empresas que prosperam hoje são aquelas que tratam o planejamento estratégico como uma bússola, não como um mapa definitivo. Elas sabem para onde querem ir, mas estão preparadas para mudar a rota quando necessário. O convite que fica para as organizações é claro: atualizem seus modelos. Planejem menos no papel e mais com as pessoas. Planejem com propósito. Com agilidade. Com ousadia. Porque no mundo de hoje, quem não muda rápido, fica para trás.

Sobre o autor

Rodrigo Zambon
Sólida experiência em Metodologias Ágeis e Engenharia de Software, com mais de 15 anos atuando como professor de Scrum e Kanban. No Governo do Estado do Espírito Santo, gerenciou uma variedade de projetos, tanto na área de TI, como em outros setores. Sou cientista de dados formado pela USP e atualmente estou profundamente envolvido na área de dados, desempenhando o papel de DPO (Data Protection Officer) no Governo.
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